E Pois Cronista Sou

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Se souberas falar também falarás 
também satirizaras, se souberas, 
e se foras poeta, poetaras. 

Cansado de vos pregar 
cultíssimas profecias, 
quero das culteranias 
hoje o hábito enforcar: 
de que serve arrebentar, 
por quem de mim não tem mágoa? 

Verdades direi como água, 
porque todos entendais 
os ladinos, e os boçais 
a Musa praguejadora. 

Entendeis-me agora?
Permiti, minha formosa, 
que esta prosa envolta em verso 
de um Poeta tão perverso 
se consagre a vosso pé, 
pois rendido à vossa fé 
sou  já Poeta converso 

Mas amo por amar, que é liberdade. 

© Gregorio de Matos Guerra